Fogos de artifício: ética e desesperança


É amplamente conhecido o fato de que fogos de artifício, especialmente aqueles com barulho (estampidos) causam imenso sofrimento aos animais. O alto som, repentino, desencadeia reações como pânico, dor, tentativa desesperada de fuga, ansiedade, convulsão, desmaio, choque contra objetos e morte por diversas causas em grande variedade de espécies domesticadas e silvestres.

Em humanos, diversos sofrimentos podem ser gerados, especialmente em crianças pequenas, idosos e pessoas com sensibilidade ao barulho, degeneração cognitiva, autismo, epilepsia, entre outras condições. Isso sem falar em incêndios e outros acidentes.

Uma pesquisa recente, realizada pelas entidades Sebrae e Instituto Euvaldo Lodi (IEL)[1], revelou que 62,4% dos entrevistados estão cientes dos incômodos gerados pelos fogos de artifício para animais e pessoas (sendo que 36% inclusive conhecem pessoas com autismo ou outra condição de saúde que são afetadas pelo barulho de tal estranha forma de diversão).

Apesar disso, apenas 20% dos entrevistados disseram apoiar a proibição da prática e 32,7% disseram que se deve proibir apenas fogos que façam barulho em excesso (o que, obviamente, é incontrolável e não deixa de gerar perturbação e sofrimento para inúmeros seres).

Ou seja: 62,4% estão cientes dos horrores gerados pelos fogos, mas apenas 20% defendem que é preciso proibi-los.

Em suma, a esmagadora maioria das pessoas defende que é melhor manter uma forma de diversão desnecessária e não essencial (além de totalmente sem sentido - qual é a graça de se sentir em meio a uma guerra por alguns minutos?), mesmo que isso gere uma quantidade incontável de sofrimento e morte para um número também incontável de seres sencientes.

Assim sendo, resta algum espaço para esperanças de ordem ética?

Resta algum espaço para o sonho com um mundo onde práticas sãs, como o veganismo, sejam majoritárias?

 

Dennis Zagha Bluwol

Escrito entre a última hora de 2024 e a primeira hora de 2025, sob o terror das bombas de entretenimento - apesar da proibição legal em todo o Estado.


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