Algoritmos morais (2021)


Algoritmos morais

Se considerarmos que a mente humana, pelo que sabemos atualmente, é plástica, passível de neuroplasticidade, e, em realidade, não é um fenômeno fixo, perene, formando um “eu” constante, mas sim uma série de eventos e processos fluidos e impermanentes que dependem dos inputs que “a ela” chegam, logo, podemos propor a tese de que programando a mente com bons algoritmos, inclusive para selecionar-se bons inputs que o alimentem, podemos gerar melhores outputs (melhores comportamentos morais, políticos, econômicos, estéticos etc.).

Parece-nos que há uma rica fonte de reflexões sobre a moralidade humana em tal compreensão da mente humana como uma espécie de central de processamento (como um computador orgânico) que opera com base em algoritmos que podem ser transformados.

Se podemos reprogramar nossos algoritmos mentais, não há um “eu” perene, uma personalidade fixa, permanente, que deve obrigatoriamente ser vivida da mesma forma por toda a vida de determinada entidade biológica (pessoa).

Muito se ganha em se substituir a ideia de “eu” pela ideia de “mente”, entendendo-se que a mente não é um objeto, um fenômeno determinado, mas o nome que damos para um processo, isto é, para algo mutável e dependente de todos os inputs que tal processo processa.

Podemos reprogramar nossos algoritmos introjetando novas linhas de raciocínio, regras ou padrões de procedimento. Essa compreensão facilita o aprimoramento do modo como organizamos mentalmente o que entendemos por “mundo” (nossas cosmovisões) e, portanto, nosso lugar nesse mundo, aprimorando nossas relações e, assim, nossas ações. Assim sendo, a alteração de algoritmos mentais é essencial para nosso aprimoramento moral. Devemos aprimorar nossos algoritmos morais, gerando ações (outputs) mais sábias e corretas.

Dennis Zagha Bluwol, 2021


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