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Aprimoramento ético: a razão basta? O caso do veganismo

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   Aprimoramento ético: a razão basta? O caso do veganismo Rumino em vão O reinado do absurdo Trança a razão Acredito que a melhor forma de se criar balizas éticas coerentes é pelo exercício da razão, buscando-se as melhores maneiras para que geremos a mínima imposição possível de sofrimento e aliviemos o máximo possível de sofrimento desnecessário ou injustificável. Esse esforço criou, por exemplo, argumentos de enorme coerência e validade para justificar a necessidade ética do veganismo no mundo contemporâneo. Esses argumentos têm sido compartilhados (com diferentes graus de qualidade) por filósofos, educadores veganos e ativistas nas últimas décadas. Contudo, mesmo que consideremos apenas aqueles divulgadores do veganismo que expõem seus princípios de forma lógica e didática (não considerando os diversos péssimos divulgadores que já representaram o veganismo nos debates públicos), seus resultados sempre foram absolutamente menores do que o desejado. É comum que após uma apr...

Opção vegana?

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Uma das ideias popularizadas nos últimos anos, como consequência dos esforços do ativismo vegano (e a percepção das empresas de que veganos podem ser um nicho de mercado a ser explorado), é a da existência de “opções veganas”, seja em cardápios de restaurantes, seja dentre os produtos de uma marca. Com isso, normalizou-se a ideia de que ser vegano seria apenas uma opção individual, tal como escolher comer macarrão ou lasanha. Em suma, passado o período em que o veganismo foi um movimento de oposição enérgica ao absurdo moral do carnismo contemporâneo, a sociedade parece ter abraçado a “opção vegana” como mais uma das possibilidades atuais de manifestação dos gostos e identidades individuais. (Para ser mais acurado, o próprio termo "vegano(a)", fortemente ligado a uma postura ética, parece ter sido apagado e diluído no estranho termo "plant-based" - uma traquinagem de marketing). Comer ou não comer animais se tornou, então, apenas uma questão de gosto, de escolha.  M...

A revolução da lâmina (Poema)

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   A revolução da lâmina, Em bruto sarcasmo existencial, Obra-prima de infernais cunhadores de palavras, Intrinsecamente subverte O animal nela contido. Revisão de poema presente na crônica " O animal e a lâmina " (2013)

Fogos de artifício: ética e desesperança

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É amplamente conhecido o fato de que fogos de artifício, especialmente aqueles com barulho (estampidos) causam imenso sofrimento aos animais. O alto som, repentino, desencadeia reações como pânico, dor, tentativa desesperada de fuga, ansiedade, convulsão, desmaio, choque contra objetos e morte por diversas causas em grande variedade de espécies domesticadas e silvestres. Em humanos, diversos sofrimentos podem ser gerados, especialmente em crianças pequenas, idosos e pessoas com sensibilidade ao barulho, degeneração cognitiva, autismo, epilepsia, entre outras condições.  Isso sem falar em incêndios e outros acidentes. Uma pesquisa recente, realizada pelas entidades Sebrae e Instituto Euvaldo Lodi (IEL) [1] , revelou que 62,4% dos entrevistados estão cientes dos incômodos gerados pelos fogos de artifício para animais e pessoas (sendo que 36% inclusive conhecem pessoas com autismo ou outra condição de saúde que são afetadas pelo barulho de tal estranha forma de diversão). Apesar...

No antropocênico açougue (Poema)

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     No antropocênico açougue - Corpulento signo da hodierna coleta - O corriqueiro sapiens sapiens, Perpetuamente ávido, Imperiosamente famélico, Em banal exercício da existência habitual, Pleistoceniza o senso comum

Ensino de Geografia no Contexto das “Ciências da Natureza”: em busca de uma Educação Cosmológica Eticocêntrica

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Revisão de artigo escrito no final de 2023 e publicado no livro "Revisitando a teoria e prática a partir da formação de professores: programas PIBID e PRP" 1 Apresentando problemas 1.1 A absurda cartografia do EU A maneira como percebemos a nós mesmos, ou seja, os limites que damos (mentalmente) para nossas fronteiras individuais, estabelecem um princípio para a delineação do modo como ocupamos nossos lugares nas redes de conexões que formam o mundo. O que concebemos por “eu” molda o modo como delineamos o que é o mundo e o que somos nós em tal mundo, pois esse processo mental configura também os lugares que destinamos aos outros e ao “todo” naquilo que concebemos ser a geograficidade de nossas próprias existências. Abaixo, apontamos três características marcantes da geograficidade dos “eus" em nossa sociedade (cartografá-las seria um desafio!):   a) O “eu” como centro do mundo Trata-se da visão de mundo que coloca o sujeito como centro do universo e o mund...